sábado, 27 de setembro de 2014

Decadência Argentina

Por: Marcos Mucciatto

Até o início dos anos 50 a Argentina era a sexta maior economia do mundo, com uma população escolarizada, recursos naturais abundantes e uma indústria pungente que disputava de igual para igual até mesmo em setores de alta tecnologia, como o automotivo. A Argentina tinha sua própria marca de automóveis (SIAM), além de várias outras de eletrodomésticos. A riqueza argentina era tamanha que o país, em 1920, chegou a ter reservas em ouro superiores ao decadente império britânico e ao emergente novo império norte-americano.
 EMPOBRECIMENTO
A economia que até os anos 50 era maior que a nossa, hoje é menor que a economia do estado de São Paulo. Mas afinal, o que causou toda esta decadência? Como a Argentina conseguiu empobrecer justamente no momento em que tantos países antes miseráveis ascenderam econômico e socialmente, a ponto de alguns deles integrarem hoje o clube dos ricos?  A Argentina é vítima do que Hayek chamou de “caminho da servidão”, um processo lento e gradual de coletivização, aumento do intervencionismo estatal e polarização da sociedade em diferentes níveis.
PERON
O início de tal processo tem uma data: 04/06/1946, dia da chegada de Perón ao poder. Dividiu a Argentina entre seus apoiadores (o bem, o povão, os “trabalhadores”) e seus adversários (o mal, os “exploradores capitalistas”, a velha “elite colonial” ). E como sempre acontece nestes casos, os discursos inflamados dos “pais dos pobres” conquistaram os eleitores da base da pirâmide. A conquista da hegemonia da opinião publica passa a moldar também os políticos. Com medo se colocarem “contra os pobres”, até mesmo políticos da antiga aristocracia migraram para a base do governo peronista. Aos poucos, a oposição foi minguando, ao mesmo tempo em que a Argentina transformava-se numa república sindicalista.
PERON II
Em 1976, começava um dos regimes mais truculentos da América Latina. A esta altura, além de Perón e Evita, a segunda esposa que quase vira santa, a Argentina já tinha um novo mito para cultuar: Che Guevara. Agora, além dos adversários peronistas, os desastrados militares argentinos tinham também como novos inimigos os diversos movimentos de esquerda que se organizavam em toda a América Latina e que tentavam chegar ao poder pela via armada. Paralelamente, a exemplo do que aconteceu no Brasil e em todo mundo, o marxismo cultural passou a dominar os meios acadêmicos e culturais, avançando gradativamente por todas as demais áreas estratégicas para a construção da “nova mentalidade” gramisciana.
Néstor Kirchner
E assim como no Brasil, quando Lula assumiu justamente no início do ciclo de maior crescimento do capitalismo desde o final da II Guerra Mundial, Kirchner começou a contar com o aumento expressivo das receitas decorrentes do aumento dos preços dos seus principais produtos de exportação. E assim Kirchner surfou na onda da globalização chinesa, esquecendo, no entanto, de fazer reformas estruturais para tornar o crescimento sustentável nos próximos anos. Terminado o período do boom de crescimento global, as mazelas da economia Argentina começaram a reaparecer. A Argentina não aprende com os próprios erros, tornando-se cada vez mais refém da mentalidade populista que asfixia a economia e produz políticos mais interessados no poder do que realmente resolver os problemas argentinos.
Você já ouviu falar do efeito ORLOFF?
Éra uma propaganda da vodka que mostrava o sujeito bebendo e dizia: Eu sou você amanhã.
A trajetória da Argentina e do Brasil não é mera coincidência, o Brasil é o efeito ORLOFF da Argentina, e o penultimo grande feito de Cristina foi decretar que as empresas terão que produzir o que e quanto o governo autorizar com margens de lucro que este determinar. Isso já acontece em Cuba, Venezuela e adivinha onde vai ser o próximo.
E o último determina que o argentino deve prestar esclarecimento ao governo quando sair do país, como onde vai, pra que, quanto vai gastar, quando volta. E o que é pior, discursa a presidente que são democratas.

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