terça-feira, 6 de outubro de 2015

A riqueza de um país

Por Marcos Mucciatto - Assessor parlamentar - Toledo/PR
 
A crise pode até ter raízes sólidas no front econômico, mas é no campo político que ela será ou não revertida. Um choque liberal poderá fazer fluir a energia represada de empresários e investidores e assim recolocar o país na rota do crescimento. Inebriamo-nos com os bons anos da ultima década e nos esquecemos de que a prosperidade tem que ser arduamente conquistada, diariamente pelo conjunto dos cidadãos de uma nação. Iludiram os brasileiros que o Estado é capaz de gerar riquezas e que o setor privado deve assumir um papel secundário na economia. Isso nunca deu certo em país nenhum e não seria aqui no Brasil que este socialismo politiqueiro teria sucesso.

O FIM DE UM ARRANJO
Estamos vendo o fim de um arranjo programático comandado pelo PT  que foi majoritário por 12 anos. Esse arranjo permitiu governar com o apoio do congresso, da população e de empresários. Na conjuntura de fatores, houve uma explosão nos preços das matérias primas, provocada pela ascensão chinesa e sua consequente fome por minérios e grãos. O Brasil, como vários outros países emergentes, ganhou com isso, as exportações avançaram de 60 bilhões de dólares, em 2003, para 242 bilhões, em 2013. A riqueza serviu para financiar gastos públicos e bombar a oferta de crédito. A expansão de programas sociais, como o Bolsa Família e o Prouni, encantou a população, principalmente os mais pobres.

COLIGAÇÃO DE EXTREMOS
O crescimento do Estado serviu para angariar apoio político, numa coligação que incluiu partidos, desde a extrema esquerda, como o PCdoB, até a direita, como o PP. De 2003 a 2014, o desemprego caiu de 13% para 5%. Mas, a atual crise mostrou que o modelo é insustentável, porque o déficit das contas públicas já chega a 8% do PIB. E a dificuldade de manter alianças tão heterogêneas é uma das razões, de um lado, para o inchaço do Estado, que mantém 39 ministérios e cerca de 24.000 funcionários em cargos de indicação política, de outro, para a corrupção que vai sendo descoberta na operação Lava-Jato.

ANO PERDIDO
O modelo não funciona, porque exige um constante aumento de carga tributária, e o país está rejeitando esta saída. A confiança do consumidor nunca esteve tão baixa, os dados mostram que só 10% dos brasileiros acreditam que a economia esteja indo bem. Um levantamento feito pela consultoria Betânia Tanure, a pedido da revista EXAME mostra que 65% dos executivos das maiores empresas consideram 2015 um ano perdido e 60% afirmam que 2016 irá pelo mesmo caminho. A única certeza hoje é que 2016 será um ano muito difícil.

ESGOTAMENTO DE UM MODELO POLÍTICO
A recessão, os escândalos de corrupção e a dificuldade para fechar as contas públicas são sintomas de um mesmo problema: o modelo político e econômico em vigor desde 2003 chegou ao esgotamento. Os gastos públicos não param de crescer e o governo não consegue fazer o ajuste necessário. A economia sofre com o peso do Estado e com incertezas da política. Para os economistas e empresários, só com medidas liberais o país vai se livrar desta paralisia.



    

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