segunda-feira, 22 de abril de 2013

Desabafo de um professor...


Com relação ao post anterior, onde cobro providências do poder municipal quanto as mínimas condições de trabalho, recebi um e-mail de um professor, cujo teor disponibilizo na integra logo abaixo. Mantenho seu nome no anonimato por minha vontade. Fala aí mestre!

"Estas linhas são o desabafo de um professor que, lamentavelmente, está tentando tratar e trabalhar a educação da forma correta, a despeito do andar da carruagem social brasileira.
 
Recentemente o governo brasileiro aprovou a lei que obriga os pais a estarem matriculando suas crianças de 4 anos de idade nas Escolas (CMEIs) do país, sob a desculpa de que se preocupa com a educação de seus cidadãos... Entre outras. Este início de ano, já fomos bombardeados com a entrada, no primeiro ano, de crianças com 5 anos de idade, que deveriam estar ingressando, sim, na pré-escola, mas que acabaram sendo "jogados" dentro de uma sala de aula com outras crianças que já haviam passado pelo período preparatório e que agora tem que ser prejudicadas por causa dessa política suja de nosso país, que faz as coisas sem qualquer conhecimento de causa, apenas por política e por desejo de lucrar - já que sabemos que há verbas sendo repassadas pela ONU para o desenvolvimento "educacional" dos países subdesenvolvidos - se é que podemos chamar assim.
 
Pois é! Sem qualquer comunicação com quem efetivamente está dentro das salas de aula, simplesmente tomaram crianças que estavam matriculadas para frequentar o pré-escolar, e lançaram direto nas escolas, obrigando os professores a "dar um jeito" de absorver as crianças ali lançadas. Afinal de contas, não são eles, os políticos, que estão à frente da sala de aula e têm que acalmar os ânimos dos pais cujos filhos estão sendo "retardados culturalmente falando" tendo em vista que o professor não pode avançar com os alunos que já passaram pelo período preparatório e de familiarização com o material didático (lápis, caderno, etc) uma vez que tem que atender alunos que sequer sabem como segurar um lápis e que nunca foram ensinados. Novamente a bomba explode nas salas de aula, como sempre!!!
 
Agora, para nosso espanto, sai a lei da matrícula obrigatória para crianças de 4 anos... Isto, usando as palavras do Dr. Carlos Alberto - que já pode ser ouvida no youtube (https://www.youtube.com/watch?v=aD40lI47-jw) é um rapto das crianças dos lares. Estão afastando as crianças de suas famílias, com que propósito? Ora, é evidente que esse governo fascista pretende tolher nossos pequenos do convívio e da educação familiar, expondo-os a uma educação que certamente não é a que seus pais desejam para eles.
 
Há alguns anos atrás, retiraram do currículo escolar disciplinas como a Educação Moral e Cívica, onde valores morais e o civismo era ensinado às crianças... Como resultado, temos hoje nas salas de aula crianças sem qualquer noção de civismo, de moral, de respeito, de educação; sim, pois os pais destas crianças são os estudantes que se formaram sem tais disciplinas em seu currículo escolar, e como as famílias brasileiras (como no resto do mundo) carecem de valores morais e cristãos, temos diante de nós um quadro caótico de crianças sem disposição mental alguma de aprender, sem disposição de seguir regras, e sem controle algum, já que criaram o E.C.A., e coroaram a estultícia governamental brasileira com um instrumento de incentivo à desobediência e ao desrespeito.
 
Convivo com diversos tipos de alunos na sala de aula... Entre eles, ouso dizer que tenho também alguns alunos delinquentes, sem qualquer vontade de aprender; mas que são obrigados, por lei, a estarem dentro de uma sala de aula - em nome da inclusão social - prejudicando o aprendizado de outros muitos (já que o limite hoje são 35 alunos). E não sei o que fazer para mudar esse quadro. A quem devo recorrer?
 
Apenas exemplificando... Se em uma sala com 35 alunos, encontram-se 3 alunos que marcam presença apenas para perturbar a ordem, mostrar que não são obrigados a cumprir o regulamento interno da Escola nem a respeitar os professores, já que podem fazer o que querem, e não podem ser reprimidos em seus instintos bestiais... Sim... 3 alunos que perturbam seus colegas, ofendem, machucam, perturbam a ordem da sala... Totalmente indisciplinados... O que o professor ou a professora fazem? Principalmente quando há por parte dos demais colegas da equipe pedagógica certo "medo" de confrontar o comportamento de alunos assim? Se comunicada, a promotoria certamente sairá em defesa do menor que está cheio de direitos... Mesmo que não cumpra com seus deveres! Não há punição para ele... Como consequência, o que far-se-á com os demais alunos que tentam prestar atenção na aula, mas são perturbados pelos colegas, ainda que estes sejam uma minoria que ninguém luta para que seja contida? Como professor, como trabalhar isto?
 
Esta é a situação nas salas de aula de nossas escolas... Indisciplina! Desrespeito! Professores são confrontados, são desrespeitados, maltratados e, em caso de agressão, o menor é sempre quem detém o direito... Coitado do professor ou da professora que num momento de extremo estresse com as diabruras de algum delinquente comete um desvio... O aluno, este sim pode machucar, xingar, desrespeitar... Mas ai do educador que ousar falar algo contra o mau comportamento do aluno. Será crucificado e perderá seu emprego!
 
Em contrapartida, são cobradas dos professores metas e objetivos! Desenvolvem-se provas, avaliações... Mas como alcançar metas de desenvolvimento cognitivo com uma turma na qual gasta-se dois terços do tempo chamando a atenção de alunos e tentando fazer com que fiquem em seus lugares e copiem as tarefas e executem os exercícios?
 
A autoridade dos professores, assim como a dos pais, foi lançada fora! O que vale são os direitos dos menores. Por isso, cada vez mais professores estão necessitando de tratamento com antidepressivos, cada vez mais professores estão sofrendo de problemas neurológicos, e ninguém faz nada para mudar esse quadro! A educação das crianças, que é obrigação dos pais, cada vez mais está sendo lançada sobre os ombros dos professores, sem, contudo, a devida autoridade para que possa disciplinar ou castigar os infratores. Aliás, esse é o dever dos pais... Educar seus filhos, punindo-os e castigando-os se necessário for.
 
Faltam professores! Não há como ser diferente... Esta profissão está se tornando um sinônimo de Kamikasi, uma profissão suicida; já que entramos nas salas sem saber como sairemos delas. Sempre saímos esgotados tanto física quanto psíquica e emocionalmente, pois nos desgastamos tanto dentro quanto fora das salas de aula, sem qualquer apoio por parte dos governantes que, com o andar da carruagem, primam mais pela ignorância do que pelo conhecimento. Não é de espantar que encontremos, portanto, profissionais semi-analfabetos, advogados e juízes que não sustentam um texto de mais de 20 linhas sem erros ortográficos ou de português. Seria diferente? Valoriza-se não a boa caligrafia, não o conhecimento, mas sim a malandragem, a desonestidade, a animalidade. Afinal de contas, não ensinam obrigatoriamente nas escolas e universidades que não passamos de animais evoluídos? O que esperar, então, de nossa sociedade, senão uma reação predatória? Que os mais fortes comam os mais fracos! E a lei da selva!"

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seja bem vindo e fique a vontade em comentar, mas seja educado, tá?